Contos e Hipercontos
Literatura digital interativa
Escola Municipal Nilza de Lima Sales
Trabalhos apresentados à disciplina de Língua Portuguesa
Profª. Ms. Roberta Garcia
ANJOS
Era noite de domingo, eu estava em casa assistindo à TV e esperando uma ligaçã da minha namorada, Andressa. Ela eram uma mulher bonita, tinha 19 anos, e eu 20. Tínhamos combinado de ir ao baile funk. O tempo foi passando e Andressa não ligava. Eu estava tão concentrado em meus pensamentos, que me diziam o que poderia ter acontecido, que nem percebi um fato importante. Então, liguei para um amigo, chamei-o para descer no baile comigo e ver se encontrava minha namorada. Eu deveria ter pensado melhor, antes de ter descido sem esperar a ligação. Todos sabem como eu sou impulsivo, pois muitas vezes ajo sem pensar, sem perguntar primeiro. E foi o que acabou acontecendo naquela noite.
Alguns minutos depois de sair de casa, cheguei ao baile com meu amigo Felipe. Exagerei na bebida, que exeu com a minha mente. Além disso, estava "batizada", ou seja, colocaram drogas nela, sem que eu soubesse. Felipe estava longe, mas viu o que aconteceu. Tentou me avisar, só que não conseguiu. Assim que eu tomei aquela bebida batizada, saí andando meio tonto e não escutava ninguém. Meu amigo me disse isso, depois que tudo aconteceu. Aliás, foi ele quem me contou tudo, porque eu não conseguia me lembrar.
Quando pensava que Andressa tinha me dado as costas, batia a neurose. E bateu mais ainda, quando vi minha namorada abraçada com outro cara, o que, por ela não ter me ligado, só confirmava o que eu já estava pensando. Para mim foi difícil, perturbador! Minha cabeça pirou, não tinha mais noção de onde estava, para onde ia, nem quanto tempo havia se passado. Várias vozes apareciam, dizendo que fui trouxa, otário de ter acreditado nela.
Ao sair do baile, com a cara no chão, já inconsciente do que fazia, fui em casa e busquei minha arma, conhecida como "oitão". Voltei ao baile revoltado, vi Andressa ainda com aquele cara que vestia roupas de roqueiro, o que não tinha nada a ver com a ocasião, e, sem pensar, puxei o gatilho. Como disse, isso tudo foi o meu amigo Felipe que me contou, afinal, eu estava inconsciente.
Voltei ao normal, quando ouvi o barulho dos tiros que dei. Vi minha namorada no chão, com sangue na região do tórax. O cara que estava com ela chorava de desespero e, ao mesmo tempo, de raiva. Por ter causado uma baderna, saí correndo do lugar com medo da polícia, pois já estava escutando as sirenes. Tudo aconteceu rápido, em torno de duas horas ou mais, não tinha certeza, porque não sabia quanto tempo fiquei inconsciente, nem Felipe soube me explicar. Chegando em casa, troquei de roupa, queimei o que vestia e limpei as digitais da arma. Joguei-a no asfalto, pois se fosse pego, era cadeia na certa. Aquele fato importante a que me referi no início desta história, que eu não havia vista quando ainda estava em casa, concentrado em meus pensamentos, vou contar agora. Estava agitado, tremendo. Quando via a notificação no celular, abri e li a mensagem que dizia assim:
"AMOR, EU TÔ NO BAILE COM MEU IRMÃO. TE ESPERO AQUI COM UMA BOA NOTÍCIA... TÔ GRAVIDA DE VC E É UMA MENINA.``
Falei baixinho para mim mesmo: "O que eu fiz? Tirei duas vidas inocentes por um erro meu...". Já tinha um anjo e ia ganhar mais um, mas pela ligação que não esperei, a mensagem que não li, agora não tenho nenhum.
A polícia chegou. Eu olhei a janela, era baixa e dava para esconder num beco da lateral. Estava na hora de fugir. Então, olhei para eles e saí correndo. Pulei a janela, me escondi, corri a favela inteira, mas os moradores me cercaram e a polícia me alcançou. Depois de ser preso, fui a julgamento e o juiz me condenou. Cumpri 02 anos de prisão, pois as drogas na bebida fizeram minha pena diminuir, juntamente com o fato de que não tinha nenhum antecedente criminal e, também, por meu bom comportamento na cadeia.
Quando saí, levei minha vida adiante. Com muito custo, consegui um emprego. Aluguei uma casa e pude me sustentar. Tempos depois, conheci uma mulher linda. Namoramos e nos casamos. Tivemos uma menina, coloquei se nome de Andressa, não porque ainda a amava, mas por ela ter sido uma mulher forte e decidida. Daí em diante, vivi uma vida feliz ao lado de Clarice, minha esposa, que, com Deus e com minha filha, é meu ponto de apoio, que me guia e me ajuda a superar qualquer dificuldade.
Este conto é uma retextualização da música "Dois Anjos", de autoria de Mc Zick e Nonô.
Autores: Leonardo, Sofia, Moisés e Jurema.
Turma: 8º ano Azul